Adeus João

João foi homem criado na roça, sempre teve amor pelos bichos e pelo seu cantinho no coração do Maranhão. Lá tudo o que tinha era o que a natureza lhe dava e nada lhe faltava.

João foi sempre homem forte, cabra valente. Que se casou com a moça mais charmosa da região, que lhe deu nove lindos filhinhos. João construiu com suas próprias mãos a casa de barro com chão de terra batida e telhado de palha de babaçu que era seu maior orgulho.

João não nunca teve muito, por isso nunca desejou mais do que sempre teve. Passou metade de sua vida sem saber que a energia elétrica existia e que além da cidade onde ele sempre ia fazer compras com seu pai desde menino, existia um mundo tão grande e cheio de coisas das quais nunca sentiu falta. Afinal, porque sentir a falta do que nunca se teve?

João viu e viveu coisas que só mesmo quase um século de vida pode lhe proporcionar. Viu filhos, netos e bisneto nascerem, mas também viu alguns de seus filhos partirem antes dele mesmo, coisa que João nunca achou justa e viu sua esposa com quem dividiu os momentos difíceis, as alegrias das conquistas e as tristezas das perdas partir depois de muito lugar para viver.

João partiu em uma terça de sol, deitou-se para dormir um sono eterno e encontrar os anjinhos lá no céu e ficar a nos vigiar como a minha mãe me explicou quando eu tinha quatro anos e meu avô partiu.

Que João lá no céu seja uma estrela bem brilhante para iluminar o caminho dos que por aqui ainda seguirão sem seu olhar acolhedor, sua fala mansa e seus abraços quentes.

E não te preocupa João eu tomo conta da Sara para ti, sei que ela ficara bem, pois sabe que você precisa agora descansar já fez muito por todos e estará sempre a nos guiar

Adeus bisavô.