terça-feira, 2 de agosto de 2011

(Re) começar

Era um dia, um dia desses qualquer sem nada de especial aparentemente, quando me percebi tão cheio de mim, tão cheio de luz. Uma luz que há muito tempo eu não via em meu sorriso em meu olhar nem em minha casa. Também janelas e portas fechadas tanto tempo, como alguma luz poderia entrar?

Eu lembro que tinha alguém aqui comigo, que ficou dias e noites abraçada a mim, lembro dos seus olhos negros caídos que guardavam uma angustia como se tivesse perdido algo, lembro que ela tinha cabelos brancos que aparentavam experiência e uma dor em cada palavra sussurrada em meus ouvidos,  seus braços gélidos me envolviam com tanta força que vez ou outra sentia uma de minhas costelas estalar e suas mãos de unhas negras e afiadas enxugaram por tantas noites as minhas lágrimas – Ela não era má, eu sei que não, e eu não tinha ninguém quando ela veio me fazer companhia, e quando não se há ninguém está com ela é saber de alguma forma que você não está só -. O seu nome eu não lembro direito, mas ela me pedia para chamá-la de solidão. Em algum momento quando me distrair - quando eu não já não esperava mais -, a solidão foi embora, deixando uma fresta de luz entrar na minha casa, em minha vida.

Eu trancado, chorei dias, perdi noites sonhei loucuras que só hoje fazem sentindo que eram sonhos sem sentido – castelos, princesas, cavalos e sapos e príncipes só fazem sentido em sonhos, em nenhum lugar mais além de que nos sonhos, a vida real é bem mais que isso -. Fui carente, fui só, fui dor, foi desespero. Mas hoje eu sei, mas do que tenho certeza que lá fora tem um sol, porque a luz entrou em meu quarto, em meus dias. E aquela dorzinha que foi tão incomoda, tão presente, hoje é pretérita e distante de mim. Hoje já não é.

E eu sei que lá fora existe um caminho tão bonito que preciso seguir, que existem tantas pessoas que eu preciso conhecer tantas dores que eu ainda preciso ter – eu não tenho mais medo das dores e não vou evitá-las, elas virão eu sei, e vou sofrer uma por uma e me reerguer de uma por uma, por que eu não sei desisti, não me ensinaram isso, eu sofro, choro, grito, mas não desisto de tentar ser feliz -. Há tantos sorrisos para eu conhecer e me encantar quem sabe. A vida segue e precisamos seguir com ela em frente, precisamos não ter medo de começar ou recomeçar.

E se você também sente está dor, não te preocupa, ela vai passar. Não sei quando,  e você nem deve esperar ou desesperar que ela vá embora, porque um dia desses, um dia qualquer ela vai.

10 comentários:

  1. não deve esperar nem desesperar, senti esse frase p/ mim.., hehehehe

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  2. as últimas linhas também senti bem direcionadas a mim... Um texto bom é justamente assim, quando permite que o leitor se transporte para dentro dele... Aplausos!!!

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  3. (...)sofro, choro, grito, mas não desisto de tentar ser feliz (...)

    Como sempre, arrasando !

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  4. Senti um arrepio lendo a personificação da solidão. Perfeito, também sinto assim.

    Um beijo.

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  5. eu não sei desisti, não me ensinaram isso[...]

    Eu deveria ter escrito isso. Isso saiu dentro de mim...

    #arrazou

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  6. #Aplausos #Aplausus .... Estou vivendo um momento Rê, que "eu não desisto de tentar ser feliz..."

    Transportei-me p/ todas as vírgulas, todas as palavras, tdas os suspiros que vc deu. Pq é assim que me vejo hoje, (Recomeçando).

    LariGuimaraes.

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  7. Que coisa mais linda *-* ler teu texto me inspirou Thi, que bom que estas bem, agora :)
    saudade dos teus abraços na ponta do pé o/

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  8. "E eu sei que lá fora existe um caminho tão bonito que preciso seguir, que existem tantas pessoas que eu preciso conhecer tantas dores que eu ainda preciso ter"

    Qndo a gente se dá conta disso, percebe que amadureceu! Amei!!! Senti cada palavra...

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  9. Massa ...
    Mas como diz bem ali no penúltimo parágrafo ...
    alí fora existe um caminho muito bonito que eu preciso seguir ...
    Talvez o que a gente queira mesmo é seguir este caminho junto da pessoa que se despede :/

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  10. nossa quando faz uma epoché sobre a solidao me vem a cabeça o fenomenologo Husserl... nossaaaa demais parabens nao tem a teoria da fenomenologia mas fez um estudo sobre o fenomeno rsrs... vc é otis (joh)

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