sexta-feira, 29 de abril de 2011

Príncipe? Que príncipe que nada

Rafael Guerra


Em tempo de casamento real, aproveito a oportunidade para renunciar ao meu titulo de príncipe. Sinto muito, mas não correspondo ao que é esperado de um príncipe. Não é só o fato de tirar meleca do nariz ou ter cicatrizes no joelho (marcas de uma infância plebéia), vai além disso.

[Pausa dramática] Ei, espera um minuto...

Eu não sou um príncipe. Por que eu achei que era um? Ah, é mesmo, você me fez acreditar nisso. Então cabe perguntar: por que cargas d’água você achou que eu fosse um príncipe? Foi meu rostinho bonito? Meu sorriso encantador? Whatever!

Eu caibo muito mais nas características de um cafajeste do que de um príncipe. E pra falar a verdade, me divirto muito mais sendo um cafajeste do que sendo um príncipe. E eu posso afirmar isso com ciência de causa.

Já fui um príncipe. Ou pelo menos tentei, e muito! Tentei ser O cara dos teus sonhos. Ser Aquele com quem você sempre sonhou. E na falta de um cavalo branco, um carro branco tava valendo. E você lembra o resultado? Não? Eu lembro. Eu te decepcionei. Eu me decepcionei. Ambos ficamos magoados. E sabe o que eu descobri? Que você não foi o único a achar que eu era um príncipe. Sabe o que aconteceu? Eu magoei outras pessoas. Eu fui magoado por outras pessoas.

Nesse caso, volto a renunciar o titulo de príncipe, que nunca foi meu. Dá muito trabalho sustentar essa pose de bom moço. A capa pesa muito, a coroa aperta minha cabeça, ih... Prefiro as poucas roupas, a falta de compromisso (tanto contigo quanto comigo), o direito de falar besteiras, de ir embora depois do sexo (sem nem tomar banho), e não te ligar no dia seguinte, de andar de mãos dadas com outros (saca o plural?) na tua frente e sem culpa...

Falando em culpa, acho que esse é o ponto. Culpa tem relação com consciência, e consciência é uma coisa muito chata que um príncipe TEM QUE TER. E advinha? Eu não tenho! Eu sei separar amor e sexo, tezão de paixão, olhos do coração. E na hora de escolher entre trair você e trair a minha vontade... meu bem, você perde.

Mas o que mais me deixa triste é saber que você perdeu tempo comigo, que não sou príncipe, e deixou o caminho aberto pra Kate Middleton, que não ficou se iludindo com rostinhos bonitos, e deu O tiro perfeito, levando de prêmio o último exemplar vivo dessa espécie em extinção que são os príncipes.

2 comentários:

  1. Tinha que ser o Rafael. kkkk
    Adorei a crônica. Simplesmente bem modernista. :D

    ResponderExcluir
  2. Gostei, Rafael.
    Bem direto ao ponto.
    Sem meias palavras.
    Muito cafajestizinho, também.
    (risos)

    ResponderExcluir