"A paixão não respeita a experiência de vida.

A gente pensa que vai morrer, e não morre. Perde o sono; perde o tino e nos sentimos revoltados porque já conhecemos este sentimento intima e dolorosamente. Refiro-me à paixão platônica. A outra, a correspondida, é um idílio total, delícia carnal. Quero ver neguinho dizer que curte a paixão platônica. Até acha interessante depois que ela é passado; todavia, enquanto ela perdura; a angústia e a insônia – além de total ausência de foco – são perturbações constantes no cotidiano.

Eu, que me considerro um espirito vasto, sinto-me duplamente traído. Pela fatalidade da vida que não me previniu quando a bandida veio instalar-se no meu espírito; e pela minha experiência de vida a qual eu acreditara preparada para rebater esta invasão de mente e coração.

Ingênuo que sou, pois a paixão nãorespeitaexperiênciadevida, fui pego ao acreditar-me prevenido e vacinado contra a mais perigosa das paixões, a platônica. A danada que se nos parece impossível de realizar, ou que acreditamos assim. A paixão platônica é tão virulenta quanto o cólera; e ficamos como adolescentes escrevendo pieguices óbvias

Por Marcelobiz