Seus olhos perdidos
naquele azul escuro das águas além da praia, aonde ele sempre vinha ao por do
sol, ouvi o barulho da água nas pedras - não era o por do sol que o atraia até
aquele lugar todos os dias, depois do trabalho. Mas sim aquele azul escuro das
águas violentas, que a cada dia arrancavam um pedaço das rochas do litoral para
si.
Parado, quase como uma
estatua velha, daquelas de praça, ele ficava ali, por horas olhando o mar,
admirando sua valentia, sua imponência. Talvez com um pouco de inveja de toda
aquela agressividade natural, ou admiração de todo aquele mistério que envolve
as águas azuis escuras do mar. Talvez a relação entre
eles dois, jamais consiga ser explicada ou definida. Teríamos que perguntar
para aquele rapaz, mas depois de um tempo ele parou de vim ver o mar. Não sei
se mudou de cidade ou conseguiu encontrar o que tanto buscava naquelas águas.
Ele, que aparentava ter
um pouco mais que 20 anos de idade, era dono de um olhar triste desses caídos naturalmente,
como se ele já tivesse nascido gostando da tristeza, e essas pessoas que tem o
dom de saber se triste, sabem muito melhor do que todos, o segredo de ser
feliz.
Hoje me pego parado
aqui em frente ao mar, olhando as rochas cederem pela brutalidade do oceano,
pensando no rapaz, pensando neste mar a minha frente e ainda tentando descobri qual
será o segredo para a tal felicidade.
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